Sigmund Freud

Sigmund Freud, como neurologista, tratava essencialmente de pacientes com paralisias, afasias e amnésias. Essas pessoas sofriam de distúrbios histéricos. Procurou, antes de tudo, curar e tratar esses pacientes, aliviando os seus sofrimentos psíquicos. Durante um ano, utilizou os métodos terapêuticos aceitos na época: massagens, hidroterapia, eletroterapia. Mas logo constatou que esses tratamentos não tinham nenhum efeito. Começou a utilizar a hipnose, inspirando-se nos métodos de sugestão de Hippolyte Bernheim.
Trabalhando ao lado de Joseph Breuer (médico austríaco), Freud substituiu progressivamente a hipnose pela catarse, inventou o método da associação livre, com isso, a Psicanálise. Essa palavra foi empregada pela primeira vez em 1896 e sua invenção foi atribuída a Breuer.
Com o decorrer do tempo Freud estudou e realizou novas descobertas, como o abandono da teoria da sedução segundo a qual toda neurose se explicaria por um trauma real ocorrido na vida do indivíduo. Essa renúncia, fundamental para a história da psicanálise, ocorreu em 21 de setembro de 1897.
Logo, começou então a elaborar sua teoria sobre as fantasias sexuais infantis, concebendo, concomitantemente, uma nova teoria do sonho e do inconsciente. Fundou uma sociedade de psicologia e formou um círculo com os primeiros colegas interessados em conhecer e expandir a nova ciência.
Freud era muito respeitado, e não só pelos homens; por sua doutrina e por sua condição de psicoterapeuta, Freud desempenhou um papel na emancipação feminina. Ligado em sua vida particular a uma concepção burguesa da família patriarcal, adotava, todavia, em suas amizades com mulheres intelectuais, uma atitude perfeitamente cortês, moderna e igualitária.
Para afirmar seus conceitos e conclusões Freud escreveu vários artigos e livros, através dos quais também pode definir sua segunda tópica e remanejar inteiramente sua teoria do pré-consciente, consciente, inconsciente e do dualismo pulsional.
Freud também publicou um ensaio sobre a Guerra e a Morte, onde tinha como objetivo que o sujeito "se organizasse em vista da morte, a fim de melhor suportar a vida". Logo, nasceram novas correntes do Freudismo moderno: Kleinismo, Ego Psychology, Self Psychology, lacanismo, annafreudismo, Independentes, etc.
Com o decorrer dos anos, Freud adquiriu um tumor, sofreu trinta e três operações, que acarretaram dificuldades enormes em se comunicar através da fala. Mas problemas físicos não foram empecilhos para ele. Ainda criou várias polêmicas com suas publicações e com a tentativa de garantir aos não-médicos o direito de se tornar psicanalístas.
Fugindo da perseguição nasista, mudou-se para Londres para “morrer em liberdade”. Nessa cidade escreveu seu último livro: “Moisés e o monoteísmo”. Lá, definiu aquela como sua última guerra e firmou um acordo com seu médico Max Shur: "Você prometeu não me abandonar quando chegasse a hora. Agora é só uma tortura sem sentido". Por três vezes, ele deu a Freud uma injeção de três centigramas de morfina. Em 23 de setembro de 1939, às três horas da manhã, depois de dois dias de coma, Freud morreu tranqüilamente. Suas cinzas repousam no crematório de Golders Green.

|Dicionário de Psicanálise de autoria de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon. Jorge Zahar.  _ |Fonte.